terça-feira, 1 de novembro de 2016

CONFUNDINDO CARÊNCIA COM DESTINO

Quantas vezes você, por pura carência,  não confundiu coincidência com destino?

Não tenha vergonha, somos todos carentes em potencial. Tiremos a fantasia de super-homem. Fiquemos nus diante do espelho de nossas angustias. Aquela estória de que toda nudez será castigada é tragédia de Nélson Rodrigues. O humano extrapola as esferas da arte. Afinal: Todo mundo nasceu nu.

Somos seres mágicos, capazes de mudar nossos destinos com um simples piscar de olhos, só que há vezes em que o feitiço se volta contra nossa incapacidade de julgamento. É aquele velho preceito dos magos: " Cuidado com o que você pede em magia que você pode ter a infelicidade de conseguir".

Afoitos por encontrar a tal alma gêmea, para não precisar explicar aos outros porque ainda estamos sozinhos, passamos a interpretar coincidências como se fossem marcas do destino.

Há ocasiões em que conhecemos alguém que tinha por missão ser apenas mais um rosto na multidão de existências que cruzam por nossas vidas e, por carência, o colocamos num local de destaque, encontrando justificativas em coincidências baratas: os mesmos gostos; aquela musica do Caetano, os poemas de Pessoa, os detalhes da infância.

Nos prendemos a superfície, agarrados à bóia dos segredos, sem coragem de arriscar um mergulho. E quando os segredos vão se esvaindo descobrimos que não sabemos nadar e o que é mais estupido, nos afogamos em poças de paixões rasas.

A vida se torna um peso, o amor uma maldição e finalmente colocamos o capuz das frustrações, e recorremos ao mágico outra vez: idealizamos Karmas - "eu tinha que passar por isto". Consultamos cartomantes - " Você tinha uma divida que precisou ser paga". Analisamos os astros - " O sol não pode viver perto da lua".

E machucados, colocamos a culpa no destino.

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